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Saúde

O que são crises de ausência e como tratar?

Por 23/09/2022novembro 8th, 2022Sem comentários

Atingindo principalmente crianças, a crise de ausência é a perda temporária da consciência, que dura poucos segundos e pode passar despercebida por quem está ao redor.

Durante o episódio a pessoa fica completamente desligada em relação aos estímulos externos, podendo, inclusive, piscar ou realizar outros movimentos repetidamente.

Considerada tanto um tipo de epilepsia e um sintoma de outros tipos da doença, a crise de ausência é uma convulsão benigna que, na maioria dos casos, não oferece riscos à saúde da pessoa e tende a desaparecer naturalmente antes da fase adulta.

De difícil diagnóstico, justamente por conta da dificuldade de os sintomas serem notados e o paciente, ao recobrar a consciência, não se lembrar de nada que aconteceu, o tratamento para a crise de ausência fica prejudicado e a pessoa acaba convivendo com as crises por anos até que elas desapareçam.

Porém, existe a probabilidade de as crises de ausência aumentarem a frequência e quantidade ao longo dos anos, inclusive de continuar a acontecer durante toda a vida, mesmo após adulto, trazendo assim, uma série de outros problemas para a pessoa, como um acidente de carro decorrente de um episódio de ausência enquanto dirigia.

A observação de pais, amigos e educadores sobre o comportamento do indivíduo é fundamental para se levantar uma suspeita e, assim, buscar a orientação médica para o devido diagnóstico e início do tratamento. Quanto antes esse caminho for percorrido, menores os prejuízos e maiores as chances de remissão da doença ou controle das crises.

Continue a leitura para saber o que são as crises de ausência e como é feito o seu tratamento.

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O que são as crises de ausência?

A crise de ausência é caracterizada por um desligamento temporário, com duração média de 10 a 30 segundos. Durante esse intervalo de tempo a pessoa experimenta uma alteração de consciência onde fica alheia aos eventos que ocorrem no mundo exterior. Ou seja, uma atividade anormal do cérebro ocasionada pela hiperventilação, resultado de um dano cerebral difuso ou multifocal em seu desenvolvimento neural.

Enquanto manifestação de epilepsia, ao longo da crise de ausência os olhos do paciente giram para cima ou mantém-se fixado com as pupilas dilatadas e o olhar vago. Por vezes os olhos começam a piscar, os lábios a estalar e objetos que esteja segurando caem. As crises de ausência são classificadas como simples ou complexas.

Esse tipo de crise convulsiva era chamado de “pequeno mal epilético” e atinge, principalmente, crianças, desaparecendo gradualmente na adolescência. Em alguns casos raros persiste ainda na fase adulta. A principal causa da crise de ausência é o fator genético, em geral, há histórico familiar desse ou de outros tipos de epilepsia.

As crises de ausência chegam a acontecer até 100 vezes por dia. Tais episódios podem ser interpretados como falta de atenção, fazendo com as crises de ausência passem despercebidas por anos pelas pessoas ao redor. Apesar de não causar problemas graves à saúde, algumas crianças podem acabar desenvolvendo outros tipos de manifestações epiléticas, como convulsões motoras tônico-clônicas. Após o evento, é comum que a pessoa não tenha memórias do acontecimento.

Relação da crise de ausência com a epilepsia

A epilepsia é responsável por uma alteração temporária do funcionamento do cérebro, é uma doença neurológica reversível caracterizada por crises epiléticas sucessivas que não são causadas por distúrbios metabólicos, febre ou drogas.

Logo, a epilepsia se relaciona com a crise de ausência porque uma das manifestações de seu sintoma é o desligamento temporário, sendo a principal diferença entre ambas a frequência com que os episódios acontecem.

Sintomas da crise de ausência

Os sinais que indicam a crise de ausência acontecem rapidamente, por isso é importante observar e estar atento ao comportamento da criança a fim de identificar os momentos de desligamento. Entre os principais sintomas estão:

  • Pausa repentina e imediata na fala ou atividade em execução, sem cair no chão;
  • Perda de consciência;
  • Olhar vago, perdido e fixo;
  • Não responder a qualquer estímulo;
  • Olhos virados para cima;
  • Movimentos repetidos, geralmente estalar dos lábios, piscar os olhos ou mastigar;
  • Retornar as atividades segundos depois, sem saber que teve uma crise.

Como a crise de ausência é diagnosticada?

Para o diagnóstico, o neurologista investiga os sintomas relatados, considera desde quando foram notados pela primeira vez, o tempo de duração dos episódios e os comportamentos apresentados pela pessoa durante as crises. Além disso, é analisado o histórico familiar e doenças ou traumas recentes.

Exames clínicos também são realizados, um deles é a Tomografia Computadorizada (TC) ou a ressonância magnética, que verifica outros problemas que podem ocasionar os episódios. Porém, o mais usado é o Eletroencefalograma (EEG), que registra a atividade elétrica do cérebro e detecta mudanças em seu padrão de atividade.

Tratamento para a crise de ausência

Desaparecendo naturalmente até os 18 anos ou persistindo por toda a vida, a crise de ausência é mais comum em crianças e adolescentes, acontecendo frequentemente ou em intervalos mais espaçados. Seja como for, o tratamento com fármacos tem taxa de remissão de 80%, quando administrado corretamente.

Em sua maioria são de uso diário e a interrupção deve ocorrer conforme orientação do médico neurologista responsável pelo acompanhamento do caso. Esses anticonvulsionantes ajudam a controlar as crises, prevenindo os momentos de ausência.

O tratamento é realizado conforme o tipo de crise de ausência. Com base na investigação através da anamnese, as características clínicas e dados captados por meio do encefalograma, o neurologista consegue classificar a crise de ausência como:

  • Crise de ausência típica tem duração de 5 a 10 segundos, consideradas crises breves;
  • Crise de ausência atípica não tem duração definida;
  • Crise de ausência com características especiais.

Outro tipo de tratamento prescrito para casos de crise de ausência são os antiepiléticos, que previnem as descargas elétricas alteradas, interrompendo as crises. Cirurgias também podem ser necessárias, nesse caso o procedimento visa corrigir a comunicação (sinapses) entre as células do cérebro.

As crises que, geralmente, aparecem entre 6 e 7 anos são acompanhadas para verificar se há evolução, ou seja, se a frequência e/ou quantidade dos episódios aumenta. Quando se mantém estável, o tratamento medicamentoso pode não ser necessário, visto que as ausências tendem a desaparecer. Porém, ao se constatar uma evolução, o médico poderá prescrever alguma intervenção.

Após o diagnóstico é recomendado, como parte do tratamento, que paciente e familiares adotem alguns hábitos e práticas de autocuidado para lidar com os episódios e suas consequências. São eles:

  • Não deixar de tomar o medicamento diariamente e nos horários propostos, inclusive para prevenir seus efeitos colaterais;
  • Estabelecer uma rotina de sono, definindo um horário para dormir e acordar, tendo assim um período de sono regular. Já que sua desregulação pode interferir na frequência das crises de ausência, é importante também descansar em um local silencioso e escuro. Qualquer problema para dormir deve ser comunicado ao médico;
  • Manter um controle das crises por meio de um diário. Registrar a data, o tempo e a atividade que executava quando a crise aconteceu. Não se esquecer de especificar todos os comportamentos realizados durante a crise e levar suas anotações às consultas, para o acompanhamento do neurologista e possíveis adaptações no tratamento;
  • Conferir com o médico todas as precauções de segurança que devem ser tomadas;
  • Informar aos familiares, amigos e pessoas próximas sobre a condição, explicando como e o que devem fazer durante uma crise de ausência. Elucidar que os episódios duram alguns segundos e que nesse tempo nada deve ser feito para que sua consciência seja retomada.

Procure o médico caso exista suspeita da crise de ausência e durante o tratamento esteja atento a quaisquer sinais e situações que indiquem que o tratamento precise ser reajustado, como:

  • Sentir-se confuso após a crise;
  • Ter uma crise de ausência na água, desde uma piscina ou no banho;
  • Ficar deprimido ou ansioso por conta das crises;
  • Aumento da frequência e/ou quantidade de crises;
  • Crises persistentes mesmo após o início do tratamento;
  • Dúvidas sobre o tratamento e seus efeitos colaterais, as crises ou cuidados pessoais.

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