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Saúde

Como prevenir comportamentos suicidas?

Por 26/09/2022novembro 8th, 2022Sem comentários

Falar sobre suicídio ainda é um tabu. Isso impede muitas pessoas de conhecerem os sinais de que alguém próximo está tendo ideias suicida

O mês de setembro é dedicado à campanha Setembro Amarelo. Ela é realizada desde 2014, pela Associação Brasileira de Psiquiatria em parceria com o Conselho Federal de Medicina.

O objetivo é promover a conscientização de toda a sociedade sobre o suicídio e falar abertamente sobre o tema, com o objetivo de preveni-lo.

A seguir, vamos trazer algumas orientações sobre como prevenir comportamentos suicidas. Boa leitura!

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Suicídio em números

Falar sobre suicídio ainda é um tabu. Isso impede muitas pessoas de conhecerem os sinais de que alguém próximo está tendo ideias suicidas.

Consequentemente, ao não identificar esses indícios, não há como oferecer ajuda qualificada. Esse é um fator que contribui para boa parte dos casos. Quantas pessoas, talvez, não estariam vivas se tivessem recebido o suporte adequado?

E para as próprias pessoas que estão enfrentando problemas de saúde mental e pensando sobre o suicídio, a falta de informação a respeito disso é um obstáculo. Elas não sabem exatamente de que tipo de ajuda necessita e como procurá-la.

O resultado desse cenário é bastante alarmante: de acordo com dados de uma empresa de tecnologia especializada em seguros de vida, no Brasil, entre os anos de 2014 e 2019, a taxa de suicídios no Brasil teve um aumento de 28%.

Segundo esse levantamento, portanto, o número de pessoas que tiraram sua própria vida foi de 9,7 mil para 12,4 mil.

Já segundo a Organização Mundial da Saúde, a cada 40 segundos um suicídio acontece no mundo.

Ainda conforme informações da OMS, o Brasil é o oitavo país do mundo com a maior taxa de suicídios, atrás apenas da Índia, China, Estados Unidos, Rússia, Japão, Coreia do Sul e Paquistão.

Os números deixam claro que essa é uma causa de morte que necessita de maior intervenção e políticas públicas.

Quais são as causas do suicídio?

Esse tema é extremamente complexo. A vontade e a iniciativa de tirar a própria vida nunca ocorre por uma única razão. Estamos falando de um problema multifatorial, ou seja, é uma conjunção de elementos que culminam nesse tipo de episódio.

Porém, existem algumas situações que podem contribuir com isso.

Depressão

A depressão é uma doença bastante prevalente no mundo todo e se manifesta de inúmeras maneiras diferentes.

Esse transtorno, quando não tratado, pode levar a sentimentos constantes de tristeza, angústia e frustração. A pessoa deixa de sentir prazer em coisas que antes a agradavam. Sente-se insuficiente para a família, amigos e como profissional. Potencializa os pequenos obstáculos do cotidiano.

Todo esse conjunto de emoções pode contribuir para que ela pense em tirar a própria vida e, em última instância, realmente fazer isso.

Aqui, é importante ressaltar: quem se suicida não está tentando acabar com a vida, mas com a dor e o sofrimento. Chega a um ponto em que não vê outra solução.

Por isso, é de extrema importância que a depressão seja tratada com a seriedade que merece e que a partir desse diagnóstico, o paciente tenha o acompanhamento adequado. Lembre-se: é uma doença que tem cura!

Transtorno Bipolar

Pessoas com esse transtorno mental intercalam momentos de euforia extrema com profunda tristeza.

Esse desequilíbrio de humor também gera uma grande sobrecarga emocional e pode ser um fator para ideação suicida. Além disso, em alguns casos, ele potencializa a impulsividade, outro elemento que pode fazer com que a pessoa realmente tome a iniciativa de atentar contra a própria vida.

O transtorno bipolar também pode e deve ser tratado.

Esquizofrenia

Um dos aspectos mais característicos da esquizofrenia são as alucinações recorrentes, que podem interferir diretamente sobre o comportamento da pessoa.

E não é só isso: essas ocorrências também a deixam confusa e instável emocionalmente, distanciando-se cada vez mais da realidade. Por isso, essa doença também é um fator de risco para o suicídio.

Abuso de álcool e outras drogas

A dependência química é uma doença. Muitas pessoas morrem em consequência do uso dessas substâncias, como por exemplo, dirigir embriagado e sofrer um acidente ou mesmo a overdose.

Essas situações podem não ser classificadas como suicídio. Porém, o uso de álcool e drogas pode demonstrar que a pessoa está colocando a sua vida em risco. Especialmente estando consciente das possíveis consequências.

Essas causas citadas acima são apenas alguns exemplos. Como dissemos, o suicídio é multifatorial. E para quem sofre de transtornos mentais, uma situação que pareça insignificante aos olhos alheios pode ser o gatilho.

Como prevenir comportamentos suicidas?

Nesse contexto todo, a boa notícia é que os comportamentos suicidas podem ser prevenidos. Daí a importância de campanhas com esse foco. Observe a seguir algumas orientações.

Identificar ideações suicidas

O primeiro passo é saber identificar indícios de que a pessoa pode estar pensando em tirar a própria vida.

Eles nem sempre são tão óbvios e podem incluir:

– Falar sobre o assunto. Algumas pessoas chegam a dizer que cansaram da vida, que não querem mais viver… Ainda existe um senso comum de que quem está realmente disposto a se suicidar não faz esse tipo de comentário, mas isso é mentira. Se você ouve isso de algum familiar ou amigo, é preciso ficar atento.

– Mudanças no padrão de comportamento, como os hábitos alimentares e de sono. Irritabilidade constante e mudanças de humor.

– Busca exagerada pelo isolamento, recusando-se a encontrar familiares e amigos. Em alguns casos, a pessoa pode começar a faltar ao trabalho, escola ou faculdade sem nenhuma razão aparente.

– Perda de interesse por atividades que antes eram consideradas empolgantes.

– Busca por fechar “pontas soltas”. Por exemplo: a pessoa decide fazer um testamento, começa a doar suas coisas, visitar vários amigos e familiares repentinamente.

– Comportamentos perigosos, como beber e dirigir ou até mesmo comprar uma arma.

É importante ter em mente que nem sempre a pessoa que se suicida demonstrava estar “no fundo do poço”. Ela pode, inclusive, apresentar uma melhora súbita.

Portanto, se você notou esses indícios acima, mesmo que de repente a pessoa pareça estar melhor, não deixe de prestar atenção e intervir.

Acolha

Jamais diga que depressão ou qualquer outro transtorno é “frescura”. Não menospreze o sofrimento que a pessoa demonstra ou até diz estar sentindo. O primeiro passo para ajudar é com o acolhimento.

Muitas vezes, uma sensação profunda de solidão pode ser um gatilho para tirar a própria vida (aliada a outros fatores). O simples fato de se sentir amado já pode ser um alívio para esse indivíduo.

Busque ajuda qualificada

Quem chega a considerar a possibilidade de tirar a própria vida precisa de ajuda qualificada. É muito importante que essa pessoa tenha acesso a um psicólogo para passar pelo acompanhamento adequado.

Pesquise sobre os profissionais que atendem gratuitamente ou por valores mais acessíveis na sua cidade. Normalmente, instituições de ensino têm esse tipo de projeto. Muita gente deixa de fazer terapia por falta de condições financeiras.

Grupos de apoio também são bastante importantes, porque colocam a pessoa em contato com outras que estão vivenciando ou já vivenciaram esse mesmo comportamento.

O Centro de Valorização da Vida (CVV), cujo telefone é 188, também oferece um bom suporte. Os voluntários que atendem as ligações não dão nenhum tipo de diagnóstico, mas escutam e direcionam a pessoa.

Você pode compartilhar esse contato com alguém que acredita estar tendo comportamentos suspeitos nesse sentido. As ligações são anônimas, então preservam a privacidade de quem precisa de ajuda.

Converse com a família

Outra dica importante é conversar com os familiares mais próximos dessa pessoa que tem manifestado comportamentos que possam revelar ideação suicida.

Muitas vezes, a família está mais próxima e por isso tem maiores condições de intervir. Por outro lado, pode não estar enxergando os mesmos indícios que você. Portanto, vale essa conversa para dividir a preocupação.

Chegou-se ao ponto de alguém falar para você que está cogitando tirar a própria vida, não guarde segredo sobre isso. Como vimos, esse é um sinal de alerta muito importante.

Esteja presente

Coloque-se à disposição para conversar com essa pessoa, faça contato frequente com ela, convide-a para passar um tempo de qualidade juntos. Se ela não estiver querendo sair de casa, vá até a casa dela.

Esteja disposto a ouvir o que a pessoa quiser compartilhar com você. Pergunte de forma direta como ela está se sentindo, se precisa de alguma coisa e o que você pode fazer para ajudá-la.

Falar sobre o assunto, tentar desmistificá-lo e quebrar os tabus já é um passo importante. Isso abre as portas para as pessoas que estão passando por um momento de dificuldade falem sobre isso e busquem ajuda.

Preste atenção nas pessoas que estão ao seu redor. Acredite: essa postura parece muito simples, mas pode salvar vidas!

Seja presente para seus familiares e amigos, e não apenas nesse período de campanha, mas sempre. Para você, ter o apoio do outro pode parecer nada demais. Mas para alguém que está em um momento de fragilidade, pode ser tudo!

Busque ajuda online

Se você está atravessando uma fase de instabilidade mental e emocional, se a ideia de se livrar da vida já lhe pareceu tentadora, busque ajuda. Converse com seus familiares e amigos.

Caso você deseje o auxílio de um profissional, agende um teleatendimento com um de nossos psicólogos para receber a melhor orientação. E lembre-se: a sua vida importa!