Normalmente, a puberdade acontece entre os 8 e 13 anos, nas meninas, e entre os 9 e 14 anos, nos meninos. Quando o indivíduo passa por esse período em uma idade anterior, temos um caso do que é chamado puberdade precoce.
A puberdade é o período que marca a transição da infância para a idade adulta, comandada pelo hipotálamo, hipófise e gônada. Durante esse período o corpo passará por mudanças intensas responsáveis pelo aparecimento dos chamados caracteres sexuais secundários (pelos, desenvolvimento dos órgãos sexuais, seios etc.)
Casos do gênero podem impactar a vida da criança, por isso é importante que os pais e/ou cuidadores estejam atentos aos sinais que indicam a puberdade precoce, para que o devido tratamento seja iniciado.
Explicaremos tudo isso ao longo do texto. Continue lendo!
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Causas da puberdade precoce
A hipófise pode ser comparada a um relógio dormente, que em determinado momento da vida é ativado. Quando isso acontece, a glândula promove a liberação de hormônios na corrente sanguínea, substâncias essas que estimulam as gônadas (ovários e testículos) a produzir testosterona e estrógeno. Dando início ao amadurecimento sexual.
Em algumas pessoas, o despertar da hipófise acontece mais cedo, levando ao desenrolar de todo esse processo bem antes do esperado, é o caso da puberdade precoce. Que, assim como a origem da puberdade que não é de total conhecimento, as razões que levam ao surgimento antes da idade esperada, também não o são por completo.
De modo geral, possui duas classificações: central e periférica. Na primeira, alterações hormonais provocadas pelo sistema nervoso central são a causa da puberdade precoce; já na segunda, as mudanças acontecem em decorrência de tumores nos ovários ou testículos, meningite, entre outros.
Estima-se que cerca de 80% dos casos de puberdade precoce sejam do tipo central ou clássica, quando há liberação de hormônio luteinizante (LH) e folículo estimulante (FSH) pela hipófise. Substâncias responsáveis pela estimulação de produção de estrogênio nos ovários e testosterona nos testículos, levando a maturidade sexual-física.
Em contrapartida, apenas 20% são de casos de puberdade precoce periférica, onde as alterações sexuais estão associadas a outras doenças como tumores nos ovários e testículos, cistos ovarianos, desregulações nas glândulas adrenais, entre outros.
Entre as prováveis causas da puberdade precoce destacamos:
- Genética, pais que passaram pela puberdade precoce, têm maior predisposição a transmitirem um gene tendencioso que provocará o mesmo em seus filhos;
- Presença de doenças graves como meningite, tumores etc., podem estimular a puberdade antes da idade;
- Uso de hormônios sem prescrição ou acompanhamento médico, inclui tanto os de via oral quanto cutânea, como cremes e pomadas;
- Obesidade têm se mostrado como fator provocador da puberdade precoce. Assim como a prática intensa de esportes pode atrasar a processo;
- Estados emocionais alterados como a perda de entes queridos, ou exposição à violência, também podem acelerar a puberdade.
Existem também casos em que a causa da puberdade precoce é idiopática, ou seja, não aparente ou desconhecida. Em geral, fatores como genética, meio ambiente, condições socioeconômicas, estado de saúde e situação psicológica estão entre os provocadores da puberdade fora da idade.
Um grupo de cientistas brasileiros, junto a equipes de pesquisa internacionais, publicou um estudo feito com crianças de várias etnias diferentes em que foi identificada uma mutação do gene MKRN3, do cromossomo 15 já conhecido por sua causa frequente na puberdade precoce.
A descoberta inédita do estudo é de que a mutação seria a responsável pelos casos de puberdade precoce central. O que ocorre é que o gene MKRN3 tem ação inibidora na produção do hormônio GnRH (responsável pela liberação de gonodotrofinas). Caso o gene estiver mutado, perde a capacidade de inibir o GnRH, sendo secretado no organismo ainda na infância.
A partir dos dados obtidos no estudo é possível fazer o acompanhamento genético dos pacientes e identificar novos casos na família, permitindo que as ações sejam tomadas antes mesmo do aparecimento dos primeiros sinais.
Fatores ambientais que influenciam a puberdade precoce
Nos últimos 100 anos a primeira menstruação das meninas sofreu mudanças de idade, o que no passado acontecia por volta dos 17 anos, hoje ocorre entre os 12 anos. Isso indica que a puberdade tem ocorrido cada vez mais cedo e um dos fatores causadores disso são os agrotóxicos.
Conforme estudo realizado como parte de dissertação de mestrado, publicado pela Universidade Federal do Ceará, o uso de agrotóxicos na agricultura, que são posteriormente consumidos pela população, provoca entre outros fatores a puberdade precoce. A hipótese é de que substâncias chamadas desreguladores endócrinos, presentes nos agrotóxicos, alteram o funcionamento do sistema endócrino-hormonal.
A regulamentação quanto ao uso de agrotóxicos na agricultura, assim como o incentivo de produções orgânicas e seu consumo pela população, em tese traria entre outros benefícios, a redução dos casos de puberdade precoce.
Outros fatores ambientais apontados como causadores é o uso de bisfenol A em embalagens e recipientes plásticos, a substância já conhecida por causar problemas à saúde, também promove a desregulação hormonal. Motivo pelo qual é proibida em alguns países.
17 sinais da puberdade precoce
Aos pais e cuidadores cabe ficar atento as mudanças corporais e de comportamento que marcam a chamada pré-adolescência, período em que, normalmente, os jovens passam pela puberdade. Alguns destes sintomas são genéricos enquanto outros são específicos para cada sexo.
Lembrando que as mudanças são esperadas entre o 8 e 13 anos nas meninas, e 9 e 14 anos nos meninos, qualquer um dos sinais listados abaixo em idade anterior, pode indicar a puberdade precoce e deverá ser acompanhada por um médico.
Confira abaixo os sinais da puberdade precoce nas meninas:
- Primeiros sinais do surgimento dos seios, com o aparecimento do broto mamário;
- Acúmulo gradual de gordura no quadril e afinamento da cintura;
- Crescimento dos ovários, cuidado para o aparecimento de cistos;
- Menarca.
Enquanto nos meninos, deve-se ficar atento aos seguintes sinais:
- Alterações na voz, desafinações seguidas de tons mais graves;
- Alargamento dos troncos e ombros;
- Primeiros fios de barba no rosto;
- Alterações no tamanho e diâmetro do pênis;
- Aumento no volume dos testículos;
- Protuberância na laringe, surgimento do gogó ou pomo de adão;
- Ereção, induzida ou não
Já em ambos os sexos, as mudanças são:
- Pelos pubianos e em outras regiões onde antes não existiam, como axilas;
- Espessamento dos pelos nas pernas;
- Crescimento mais rápido em comparação a outras crianças, o famoso estirão;
- Aumento da oleosidade da pele com aparecimento de acnes;
- Mudanças de comportamento e humor;
- Odores fortes nas axilas.
Impactos na puberdade precoce nas crianças
As mudanças impostas pela puberdade trazem diversos riscos à saúde física e emocional da criança. Além disso, é um fator de aumento de vulnerabilidade, decorrente do maior risco a abuso sexual.
Entre os principais impactos da puberdade precoce estão:
- Baixa estatura quando adulto;
- Obesidade;
- Abuso sexual;
- Hipertensão;
- Diabete tipo 2;
- Doenças cardiovasculares;
- Câncer de mama e ovário;
- Vergonha do próprio corpo;
- Baixa autoestima e problemas de auto segurança;
- Distanciamento social, por conta de bullying, por exemplo.
Tratamento da puberdade precoce
Diante do menor dos sinais citados, o pai ou cuidador deve procurar o acompanhamento médico para que o devido tratamento seja iniciado. A supervisão de um pediatra e endocrinologista é imprescindível, e a partir da avaliação clínica e exames será definido um diagnóstico.
A avaliação clínica consiste em exames físicos que observarão o aumento do quadril e seios, quantidade de pelos no corpo, crescimento rápido e quaisquer alterações genitais típicas da adolescência.
Já nos exames laboratoriais, o médico avalia a dosagem de hormônios, a idade óssea com base na idade cronológica do paciente, através de raio-X da mão. Também são feitas outras avaliações radiológicas, ressonância magnética e ultrassom pélvico e abdominal.
Assim que determinada a causa da puberdade precoce, o profissional da saúde chegará a um diagnóstico e então, a partir dele, se inicia o tratamento. Visto que outra doença pode estar relacionada ao caso.
Casos de puberdade precoce central são tratados através da administração de injeções mensais ou trimestrais de fármacos como leuprorrelina, somatropina e anastrazol. A medicação atua inibindo a ação da hipófise, o que acaba por adiar o processo de puberdade.
Apesar de não ter cura, o acompanhamento médico e do tratamento indicado pode retardar a puberdade para acontecer no devido momento. Durante esse processo além das visitas ao pediatra e endocrinologista, o acompanhamento psicológico será interessante para evitar que o sujeito tenha sua autoimagem e segurança afetados negativamente.
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