Em meio à campanha Setembro Amarelo, saiba como ajudar ou ser ajudado com tratamentos online e um acompanhamento profissional atento
Neste período atípico que vivemos, nunca foi tão importante falar sobre saúde mental. Este ano, o Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio, acontece em meio à uma pandemia, momento em que as pessoas estão praticando o distanciamento social e, portanto, isoladas e em contato ainda maior com seus sentimentos mais íntimos.
De acordo com a OMS – Organização Mundial da Saúde, cerca de 800 mil pessoas tiram suas vidas por ano no mundo, o que significa uma morte a cada 40 segundos. No Brasil, são registrados em torno de 12 mil suicídios anualmente, sendo que mais de 96% dos casos estão relacionados a transtornos mentais que poderiam ser tratados.
A atual crise gerada pelo Coronavírus nos colocou dentro de casa, mudou nossas rotinas, nos distanciou de outras pessoas, sendo um cenário que pode agravar consideravelmente o nível de angústia do indivíduo e desencadear transtornos mentais que, quando não tratados, podem se tornar novas estatísticas de suicídio. Tudo isso somado aos aspectos socioculturais e financeiros e ao aumento do índice de desemprego nos tornam mais vulneráveis a ter sentimentos negativos que podem sinalizar a necessidade de ajuda imediata.
Assim, a teleconsulta (consulta virtual) com psiquiatras e a psicoterapia online surgem como novas formas de assistência, que permitem que o indivíduo realize um tratamento multiprofissional à distância, seja acolhido com agilidade e tenha o cuidado com sua saúde mental ampliado.
De acordo com Dr. André Pastana, psiquiatra da equipe do Médico24hs, em tempos de pandemia, a telemedicina é uma ferramenta indispensável.
“Com uma boa internet, é possível se conectar com o afeto de um paciente através de uma avaliação online pela plataforma. A escuta atenta é primordial, e alguns pacientes se sentem até mais à vontade e menos receosos com o encontro virtual.
A telemedicina veio para estreitar as distâncias e permitir que o paciente seja atendido no conforto do seu lar, sem precisar se deslocar ou se expor ao Coronavírus, uma vez que clínicas e consultórios são considerados locais com alto risco de contaminação. As receitas e documentos médicos são disponibilizados de forma rápida e digital, e o acesso via SMS deixa tudo mais prático e simples para o paciente”, comenta o médico.
Saiba quando buscar ajuda para você ou oferecer ajuda para alguém
De acordo com o especialista e com dados divulgados pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), os transtornos mentais relacionados aos casos de suicídio são a depressão, o transtorno bipolar, o abuso de substâncias, a esquizofrenia e os transtornos de personalidade borderline ou antissocial. Ou seja, todos são tratáveis, requerem acompanhamento profissional e apoio da família.
Para Dr. André Pastana, acredita-se que a natureza do suicídio seja ambivalente, ou seja, é coexistente o desejo de morrer e o desejo de ser salvo.
“Na grande maioria dos indivíduos, o desejo de morrer é frágil. A pessoa tem o desejo de dormir para sempre ou desaparecer. Quando isso passa a acometê-la, já é hora dele procurar ajuda. Certamente, se ela não procurar, mais cedo ou mais tarde a sintomatologia vai voltar, e costuma vir pior.
Muitas vezes, a família negligencia dos sintomas do paciente com potencial risco de suicídio. Na grande maioria dos casos, o indivíduo dá sinais, quer seja com dizeres, atitudes ou manifestação nas redes sociais. Se interessar na escuta do que o outro tem a te dizer e considerar a angústia e o sofrimento é muito mais importante do que tentar negar que o problema existe”, orienta o psiquiatra.
Esteja atento aos seguintes sinais:
- Redução do autocuidado e dos hábitos de higiene
- Desanimo em realizar atividades que antes lhe davam prazer
- Isolamento do convívio social, quando as recusas de estar com pessoas se torna muito frequente
- Falta de vontade de viver ou angústia excessiva
- Bruscas oscilações de humor
- Aumento de atitudes agressivas e impulsivas
- Automutilação, especialmente em adolescentes
- Abuso do uso de álcool e de outras drogas
De acordo com Dra. Gabriela Armond, psicóloga, psicanalista e responsável técnica do Psicologia24hs– nossa plataforma de psicoterapia online, falar sobre o suicídio não é falar sobre a morte, pois ele é procurado como um ato diante da dor, ou seja, a pessoa não busca necessariamente morrer, mas sim o fim do seu sofrimento.
“É preciso dar dignidade ao sofrimento humano. Quando a gente fala de suicídio, falamos sobre a dura experiência de viver. Porque o morrer é fácil, difícil é viver com perdas, separações e sofrimentos. O quadro depressivo e melancólico traz uma desesperança e um desligamento do mundo. É preciso olhar para essas situações com bastante critério, pois é nelas que o suicídio aparece mais. Eu penso que são desperdícios de vida, já que uma simples palavra, um espaço para ser escutado pode salvar e trazer uma luz àquele sujeito.
Ser ouvido é exatamente esse fio de conexão que traz a possibilidade de criar relações, afetos, vínculos. Então, se o suicídio é uma possibilidade para a pessoa que está em sofrimento, a palavra também é. Falar sobre isso é dar lugar às pessoas que estão sem esperança, aos familiares de quem se suicidou, às pessoas que tentaram, não conseguiram e estão aí revivendo essa possibilidade ou recriando uma oportunidade de vida. No lugar de se ausentar de falar sobre suicídio, vamos falar sobre a vida”, salienta a psicóloga.
Está se sentindo desvalorizado, angustiado, precisando desabafar, se sentindo julgado, sem resposta, com uma má percepção do valor da sua vida? Ser tratado por um psiquiatra e escutado por um psicólogo é fundamental. De forma amorosa, acolhedora e profissional, este trabalho multidisciplinar é capaz de te ajudar a lidar com esses sentimentos e encontrar um novo significado para o sentido da vida.
“Cada indivíduo precisa encontrar mecanismos e alternativas saudáveis de lidar com o estresse. Aqui, eu destaco: o esporte, a psicoterapia e o desenvolvimento da espiritualidade. Evitar pessoas tóxicas e situações estressoras também pode fazer parte da estratégia. Pedir ajuda e reconhecer que algo não está indo bem, é o primeiro passo. Se você procurar suporte profissional, não irá significar que é fraco, pelo contrário”, conclui Dr. André Pastana.
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