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COVID-19Saúde

Após 2 anos, está chegando o momento de passar de pandemia para endemia.

Por 14/03/2022novembro 8th, 2022Sem comentários

Entenda, então, qual a diferença entre os termos e por que decretar endemia não significa o fim do Coronavírus.

Da mesma forma como anunciado em locais como Dinamarca, França e Reino Unido, diversas cidades e estados brasileiros começaram recentemente a relaxar todas as medidas restritivas contra a Covid-19. Em alguns municípios, como no Rio de Janeiro, o uso de máscaras não é mais obrigatório em locais abertos ou fechados desde 8 de março.

Medidas semelhantes foram implementadas recentemente em estados como Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Distrito Federal. Em outros locais, como Minas Gerais e Rio de Janeiro, o governo estadual delegou às prefeituras a decisão de manter ou não o uso desse equipamento de proteção. A ideia dos gestores é substituir aos poucos as obrigações da lei por recomendações e orientações.

O Ministério da Saúde afirmou à imprensa, no início do mês, em 3 de março de 2022, que avalia a possível reclassificação da pandemia de Covid-19 no país como uma situação de endemia. De acordo com eles, a avaliação é conduzida em conjunto com outros ministérios e órgãos, levando em conta o cenário epidemiológico e o comportamento do vírus no país.

 “O Ministério da Saúde é quem tem mais autoridade para dispor acerca desse tema a nível nacional e tem a autoridade que é conferida pela lei, essa lei de 2020, a lei que disciplinou a pandemia no Brasil. O artigo primeiro, parágrafo segundo, dá essa prerrogativa a mim, o ministro da Saúde, para rebaixar o grau de pandemia para endemia e eu farei isso baseado em critérios técnicos”, disse Queiroga.

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O que significa endemia?

Desde o início da disseminação mundial da Covid-19, os termos “pandemia” e “endemia” estão sendo bastante utilizados. Em 2020, por exemplo, a pergunta “o que é pandemia?” estava entre as mais pesquisadas do ano em lista divulgada pelo Google Brasil. Por serem palavras parecidas, os termos frequentemente causam dúvidas sobre quais seriam as diferenças entre eles. Então, afinal, o que é pandemia e endemia?

A endemia é uma doença de causa e atuação local, que se manifesta com frequência em determinada região, mas tem um número de casos esperado e de padrão estável. A dengue, por exemplo, tem caráter endêmico no Brasil, porque ocorre durante o verão em certas regiões. Já no Norte do país, a Febre Amarela tem atuação frequente e também pode ser considerada uma doença endêmica.

Em informação divulgada pelo Instituto Butantan, a diretoria do Laboratório de Virologia explicou que a endemia ocorre quando a doença é recorrente na região, mas não há um aumento significativo no número de casos e a população convive com ela.

Países tropicais e subdesenvolvidos são os que mais sofrem com doenças endêmicas, consideradas um dos principais problemas de saúde do mundo. A malária, doença infecciosa, é um exemplo de endemia presente em mais de 100 países.

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O que dizem os especialistas e os dados sobre esse cenário?

Felizmente, quando observamos a mortalidade, os números da Ômicron foi significativamente menor. A média móvel de mortes bateu em 951 no dia 11 de fevereiro de 2022, em 12 de abril do ano passado, o país chegou a registrar uma média de 3.124 óbitos.

Passada a pior fase da onda da variante Ômicron, os números voltaram a despencar. Assim como observado em outras partes do mundo, a detecção de novos casos de Covid-19 está em queda desde o início de fevereiro: a média móvel do Brasil passou de 189,5 mil em 3/2 para 40,2 mil em 7/3.

Em evento do Fórum Econômico Mundial realizado no final de janeiro, representantes de várias instituições debateram quando a Covid-19 poderia ser realmente classificada como uma endemia.

Na visão do imunologista Anthony Fauci, líder da resposta à pandemia dos Estados Unidos, endemia significa uma presença não disruptiva sem a possibilidade de eliminação de uma doença. De acordo com a avaliação do especialista, o Coronavírus não será extinto e passará, aos poucos, a afetar os seres humanos de forma similar a outros agentes causadores do resfriado comum.

Na mesma ocasião, o médico Mike Ryan, diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS, também bateu nessa tecla. “Nós provavelmente nunca vamos eliminar esse vírus. Depois da pandemia, ele se tornará parte de nosso ecossistema. Mas é possível acabar com a emergência de saúde pública.”

Ele também reforçou que endemia não é sinônimo de coisa boa. “Ela só significa que a doença ficará entre nós para sempre. O que precisamos é diminuir a incidência, aumentando o número de pessoas vacinadas, para que ninguém mais precise morrer de Covid”, completou.

É inegável que o avanço da vacinação e os recordes de novas infecções impulsionadas pela Ômicron nos últimos dois meses garantiram um alto nível de proteção, especialmente contra as formas mais graves da doença.

Até o momento, 53% da população mundial já recebeu ao menos duas doses da vacina. E as projeções publicadas no periódico The Lancet pelo Instituto de Métricas em Saúde da Universidade de Washington, nos EUA, indicam que, dado o alto grau de transmissibilidade da nova variante, metade das pessoas do planeta terão sido infectadas entre novembro de 2021 e março de 2022.

“É muita gente com imunidade. Esse aprimoramento das defesas do organismo garante uma proteção contra as complicações da doença, relacionadas à hospitalização e morte, ao menos por alguns meses. Graças à imunidade obtida pela vacinação e, em menor grau, pelo alto número de infecções, a doença se tornou menos letal”, avalia o infectologista Julio Croda, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.

A Covid-19 chegou a ter uma taxa de letalidade de 1 a 2%. Atualmente, esse número está em 0,25%, segundo alguns registros nacionais e internacionais. Essa taxa de 0,25% ainda é o dobro do que ocorre na gripe (que fica em 0,1%). Mesmo assim, houve uma diminuição de praticamente dez vezes na mortalidade por Coronavírus que era observada há poucos meses.

Os vírus e nosso sistema de defesa fazem um verdadeiro cabo de guerra. Quando surge uma doença infecciosa nova, a corda pende com mais frequência para o patógeno, já que nossas células imunes não fazem a menor ideia de como combater a ameaça. Com o passar do tempo — e a disponibilidade de vacinas seguras e efetivas — o jogo começa a virar, e o sistema imunológico “aprende” a lidar com o inimigo. Nessa situação, mesmo que o agente infeccioso consiga invadir o organismo, suas consequências tendem a ser menos preocupantes.

É justamente isso que parece estar acontecendo com a Covid-19: dois anos e poucos meses depois dos primeiros casos, o número de indivíduos com algum nível de proteção é suficientemente alto para que não ocorra mais um aumento na demanda por leitos no mesmo patamar das outras ondas, em que o sistema de saúde chegou a entrar em colapso.

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O que vai mudar na prática, já que a endemia não é o fim?

Embora anúncios do tipo fossem esperados (e sonhados por todo o mundo!), eles causaram muita confusão: em alguns casos, a endemia tem sido interpretada pelas pessoas como sendo o fim da Covid-19, quando, na verdade, estamos muito longe disso – e é bem possível que essa doença nunca desapareça.

É fundamental esclarecer que, mesmo quando a Covid-19 se tornar uma endemia, isso não significará que estaremos 100% livres da doença. Segundo a Fiocruz, o que muda num cenário endêmico é a postura do sistema de saúde e dos cidadãos. Do ponto de vista individual, é possível relaxar um pouco, pois falamos de doenças com uma incidência menor e para as quais existem formas de prevenção e tratamento.

Do ponto de vista prático, pode ser que o uso de máscaras continue a ser recomendado em alguns lugares, como no transporte público e nos hospitais. Nessa mesma linha, hábitos como lavar as mãos constantemente e ficar em casa quando aparecerem sintomas típicos de infecção respiratória se incorporarão à rotina de todos.

No sentido oposto, o cuidado maior de alguns grupos vulneráveis, como idosos e imunossuprimidos, tende a ser maior nesse novo cenário. E medidas muito rígidas, como o lockdown e o fechamento total de estabelecimentos e escolas deixam de fazer sentido.

Os países europeus que já classificam a Covid-19 como uma endemia em seus territórios e acabaram (ou acabarão, em breve) com a maioria das restrições que marcaram os últimos 24 meses.

Em discurso recente no Parlamento do Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson disse que, “conforme a Covid se tornar endêmica, nós precisaremos substituir as requisições da lei pela orientação, de modo que as pessoas infectadas com o vírus sejam cuidadosas umas com as outras“.

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